Olá.
Meu nome é Arthur.
E eu sou um acumulador.
Eu coleciono pessoas.
Se um dia me conecto com você, nosso link permanece. E eu alimento isso. Faço questão.
Meus amigos dizem que eu fui por um tempo "a cola que os mantém unidos". É exagero. Mas to sempre inventando desculpas para uma reunião, um encontrinho, vários drinques. Qualquer pretexto vale: amiga que decide se casar no Pará, estreia de teatro do amigo em Porto Alegre, nascimento de filho em São Paulo, defesa de doutorado em Florianópolis, noivado em Zanzibar, aniversário em Nova Iorque.
É que eu gosto de manter as pessoas. As antigas e as novas. E amizade é relação das mais delicadas: precisa de atenção e dispensa energia. Mas quando um amigo acontece é tão bonito. Muito amor.
Gente que conheço em algum trabalho. Ou em uma viagem de trabalho. Quando o encontro rola de verdade, quero você pra sempre.
E até mesmo os que não são grandes amigos, mas que estão no meu quadro de afeições, faço questão de manter. Ex amores também. Aqui é mais difícil, confesso, porque os fins nem sempre são bons e resolvidos. E namorado é diferente de amigo, né? É lindo quando as duas coisas se encontram, mas verdadeiramente, acho que acontece pouco. Quando me separei recentemente, uma amiga da minha mãe que me conhece desde pequeno me disse ao telefone:
- A gente tem que ficar amigo do ex.
No momento, achei que seria possível. Depois entendi que era impossível. Hoje acho que pode até ser.
É que às vezes algumas pessoas não querem ficar. Aí não tem muito o que fazer, né? Ficar insistindo? Forçando uma barra para se relacionar? E o direito da pessoa em não te querer por perto? Isso também precisa ser respeitado. Jamais quero ser chamado de insistente. Gosto de quem me gosta.
Minha melhor amiga uma vez me disse que as pessoas deixam claro se querem ou não estar em nossas vidas.
Se alguém que gosto me mostra que quer continuar convivendo comigo, compartilhando a trajetória, fazendo parte, eu estou dentro, vou junto! Se não ta mais interessado, eu deixo partir. Com alguma dor, eventualmente. Mas desapego. E logo evoluo.
Mas me chateio com quem tem a manha, o talento nato, de desperdiçar as pessoas. Já convivi com gente que não consegue manter os laços com ninguém. Ou então só por um período. Depois que o interesse acaba, abandona o sujeito e parte pra outras, sem nem olhar pra trás. Segue a vida, vira a página e faz um novo melhor amigo de infância, um novo amor da sua vida...
Puta desperdício. Gente com quem conseguimos ter conexão é raro. Pra que abrir mão disso?
Gosto das pessoas. Escolhi ser ator também por isso. Para experimentar pessoas, pesquisar suas coisas, aprender com elas. Gente é meu material de trabalho. Quando reparo nas minhas fotos de viagens ou eventos vejo sempre rostos. Poucas paisagens, muita gente.
Uma das coisas que me deixa mais feliz é encontrar um novo ser humano que me desperta curiosidade, compaixão, ternura, paixão, risos. E fico ainda mais contente se consigo carregá-lo comigo e dentro de mim.